Uma das questões que uma pessoa Agile Coach pode enfrentar durante sua carreira é: como posso ajudar a equipe a melhorar continuamente o fluxo de trabalho?
Neste blog post, apresentarei uma valiosa técnica para que você compreenda de forma holística o fluxo de uma equipe.
CFD
Segundo Brodzinski, Cumulative Flow Diagram (CFD) é um dos gráficos que oferece rápida visão geral do que está acontecendo num projeto ou produto.
Ao usá-lo, você verificará rapidamente o status atual de um fluxo: quanto trabalho foi feito, o que está em andamento e quanto tempo será necessário para que determinado escopo seja concluído.
A estrutura do gráfico é simples. O eixo horizontal representa um período de tempo (semanas, sprints, etc.) e o vertical indica, de forma acumulada, o número de itens no processo (total de tarefas, total de histórias, etc.).
Cada área pintada na visualização está relacionada a uma etapa do fluxo de trabalho (backlog, em progresso, finalizado, etc) e as curvas são basicamente o número de itens acumulados em tais etapas.
Para demonstrar como é possível utilizar o CFD, descreverei a aplicação dele em um projeto. No caso a seguir, o fluxo de trabalho era composto pelas seguintes etapas:
- Backlog: itens que precisavam ser refinados.
- Ready to Dev: itens com critérios de aceite definidos e com uma definição explícita de “feito”.
- Developing: itens em desenvolvimento.
- Testing: itens sendo verificados e validados.
- Accepted: itens lançados em produção.
Neste projeto, o CFD foi utilizado para: (1) comunicar o progresso; (2) identificar os gargalos do fluxo; (3) gerenciar as filas. O gráfico foi acompanhado semanalmente, dada cadência de alinhamento que existia com a diretoria da empresa.
Os próximos 3 diagramas representam o projeto no início (primeiras 7 semanas), no meio (11ª semana) e no final (semana 22).
O começo do projeto
No início do projeto, a equipe enfrentou uma situação em que a relação entre a chegada e a saída dos itens não era proporcional — a quantidade de itens entregues média da equipe era de 3 itens por semana e o escopo aumentava 7 itens por semana.
Este comportamento demonstra um desbalanço no fluxo, dado que o número de itens entregues difere do total de entregas, ou seja, existe mais trabalho entrando do que sendo finalizado.
Naquele instante, a equipe e a PO discutiram soluções para que a taxa de crescimento do escopo acompanhasse a cadência de entrega.
Outra informação que pode ser extraída do gráfico é que alguns itens foram criados (estágio de Backlog), mas não foram detalhados (Ready to Dev). Neste caso, a equipe refinou junto da PO um conjunto de itens e os deixou prontos para serem trabalhados.
O meio do projeto
Ao analisar o CFD no meio do projeto, é possível observar que as etapas de desenvolvimento (Developing) e testes (Testing) não apresentavam acúmulo entre as etapas (sobrecarga). Comparado com as primeiras 6 semanas (início do projeto), a relação entre itens criados e entregues passou a ser a mesma: 3 itens por semana.
A equipe sabia que o ritmo de entrega precisava aumentar. Além disso, o projeto ainda apresentava indefinições — 15 itens não estavam preparados para serem desenvolvidos. Um dos causadores de tal situação foi a alta incerteza no design da aplicação.
A finalização do projeto
Uma coisa interessante percebida ao final deste projeto foi que o trabalho na etapa de teste fluiu bem. Olhando para o gráfico, é possível reconhecer que as linha azuis (etapa de Teste) desapareciam rapidamente. Isso ocorreu porque a interação dentro da equipe foi intensa. Na semana 19, a equipe e a PO alinharam que nenhum novo item seria incluído no escopo, porque o prazo de entrega estava chegando.
Outra informação que pode ser observada no gráfico acima é que a equipe não concluiu todas as demandas previstas no escopo — a etapa “Accepted” não ocupou todo o diagrama. Nesse caso, a equipe de desenvolvimento da empresa cliente assumiu os 5 itens que estavam em progresso (2 em desenvolvimento e 3 em testes).
Vale compartilhar que os itens entregues geraram uma solução de qualidade e alinhada com o que o cliente precisava, nos lembrando da relevância de priorizar e entregar aquilo que importa primeiro.
O diagrama se mostrou um excelente companheiro para discussões sobre limitação e gerenciamento da quantidade de trabalho em progresso.
Concluindo
A visualização do fluxo através do CFD fornece uma visão quantitativa e qualitativa de problemas potenciais no fluxo de trabalho. Encontrar soluções é uma outra história.
Para aprender mais sobre o CFD, recomendo 4 boas referências:
- O excelente artigo, Cumulative Flow Diagram do Pawel Brodzinski.
- O livro do Daniel Vacanti, Actionable Agile Metrics for Predictability.
- The Cumulative Flow Diagram in a nutshell.
- Minha publicação em português, Métricas Ágeis – Obtenha melhores resultados em sua equipe.
E você, como tem utilizado o CFD? Compartilhe sua opinião nos comentários abaixo!